quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Irmãos negativos e os Exus


Irmãos negativos e os Exus

No artigo anterior falamos sobre “Deus e o Diabo” e colocamos nosso entendimento de que não existe a personificação do Diabo, com força equiparada a Deus, mas, sim, que existem irmãos negativos, que por problemas em sua evolução, caíram e se negativaram e que vivem para prejudicar seu próximo.
Esses irmãos adquirem força, desvirtuando as leis existentes, mas nunca podem ser equiparados a Deus - senhor onisciente, onipotente, onipresente e indivisível, energia pura que nos dá vida e nos sustenta – já que este é único, sendo certo que não podemos equiparar nada e ninguém a nosso senhor supremo.
Para esclarecer um pouco mais algumas dúvidas com relação a religião de Umbanda, principalmente para demonstrar que há diferença entre esses irmãos negativos e os Exus, guardiões do baixo astral, pois muitos, por falta de conhecimento, os equiparam aos irmãos negativos e pior, dão a essas entidades de Lei - Exus, muitas vezes, a qualificação ou a personificação de um “Diabo”, vamos escrever esse artigo.
É certo que esse artigo será superficial, já que a fundamentação do Sr. Exu será melhor explicada oportunamente em aulas que serão ministradas pelo Centro Espirita Tenda de Oxalá, mas aqui faremos vários comentários para aguçar a curiosidade de todos.
Para um melhor entendimento pedimos que os irmãos ao lerem este artigo o façam com coração e mente abertos para o novo, procurando entender que tudo o que é passado é apenas o início de vários conceitos, não sendo possível pormenoriza-los, já que há mais segredos entre o céu e a terra do que podemos imaginar. Portanto, este artigo serve para reflexão.
Importante termos em mente que todos nós somos filhos de Deus/Olorum. Não há qualquer Ser que não seja filho de Deus. Podemos estar encarnados ou não, negativos ou não, ainda assim seremos sempre filhos de Deus. Os bons e os maus (negativos) são filhos de Deus e isso não podemos esquecer, tanto que nos foi passado pelo Caboclo Das Sete Encruzilhas que a missão do Umbandista é Aprender com os mais evoluídos; ensinar aos menos evoluídos, e nunca renegar nenhum irmão.
É certo que nossos irmãos negativados, em razão do seu estado conciencial estão densos e por isso vivem vagando pelo baixo astral, alguns, fazendo o mau por pura ignorância, outros por medo, havendo até aqueles que são escravos espirituais dos mais fortes (mais a explicação disso fica para outro artigo). São esses os irmãos “fora da Lei” ou “punidos pela Lei”, que fazem o mau para os Seres, sejam eles encarnados ou não.
Poderíamos dizer que alguns desses irmãos negativos e mais esclarecidos, se fazem passar pelo Diabo, na tentativa de personificar esse nome e com isso criar mais força em razão do pensamento negativo de vários irmãos que vão se negativando com o passar do tempo e com as dificuldades que a vida lhes impõe, já que são nossos pensamentos que atraem tudo (mas isso também fica para outra oportunidade). Mas esses não podem ser equiparados a Deus, mas, sim, um ser negativo que vive para fazer o mau e tem força.
Alguns poderão dizer, mas se Deus é a força suprema, porque ele deixa esses irmãos negativos fazerem o mau para o seu próximo e ainda se passarem por um ser de força equiparado a ele, cujo o nome é “Diabo”? Simples. Se Deus criou tudo e esses são seus filhos, o que Deus mais quer é que eles aprendam com seus erros e melhorem, por amá-los. Exterminando com eles, Deus não seria um ser supremo. Alguém que ama seus filhos tem coragem de extermina-los só porque estão errando? Ao invés de exterminar aqueles que não evoluem e se negativam, Deus impôs as Leis imutáveis e nos deu o livre arbítrio para através de nossas atitudes possamos aprender e evoluir, nos dando também a oportunidade do arrependimento e da compensação. Isso é ser supremo.
Portanto, os irmãos que nos fazem mal, são aqueles negativos que vivem ao arrepio da Lei, vagando pelo baixo astral, não se podendo dizer que esses irmãos são Exus, pois esses não vagam pelo baixo astral, mas trabalham lá.
Muitos dirão, então, o que são os Exus? Exus são irmãos, trabalhadores da Lei no baixo astral, pois são densos, vazios e têm total conhecimento desse local. Cumprem as ordens dos espíritos mais evoluídos (Chefe de falanges, Protetores, sempre trabalhando na força de um Orixá) e ajudam os encarnados na caminhada evolutiva, entre outras coisas.
Para um melhor entendimento, pensamos... Quando estamos em um lugar muito escuro, se uma luz forte for acessa, o que nos acontece? Não enxergamos nada, pois a luz nos ofusca. Portanto, um espirito de luz não anda pelo baixo astral, ele determina a um desses irmãos que o façam. Outro exemplo... Um juiz de direito não entra na favela, ele determina que um soldado o faça, pois é ele que esta treinado e preparado para entrar neste local... Aqui cabem várias explicações, mas por ora basta os exemplos que servem para reflexão (não tenho a intenção de convencer ninguém, apenas que pensem, pois explicações mais detalhadas serão dadas oportunamente).
Para uma melhor reflexão, discorrerei um pouco sobre o Sr. Exu. Em sua infinita sabedoria, Olorum (Deus), na criação do mundo, o fez em equilíbrio, e isso é pacifico em todas as religiões.
Vejam que as espécies justificam essa afirmativa, já que Olorum as criou em perfeito equilíbrio, tanto que temos dois braços, duas pernas, duas mãos, duas orelhas etc., outros seres também estão em equilíbrio, sempre em pares, ou seja, existem no mundo o homem e a mulher, o macho e a fêmea, o bem e o mal, a direita e a esquerda, entre outras coisas.
Como vimos em nosso curso “A Fundamentação dos Orixás”, as sete linhas de Umbanda também estão em equilíbrio, tanto que para cada Orixá ativo, existe um Orixá passivo, trabalhando em equilíbrio para ajudar os seres encarnadas e todos estão interligados um ao outro.
No mesmo curso, deixamos claro que Oxalá é o responsável pela Fé, seu campo de atuação são os caminhos, e a sua regência é o Espaço Infinito, criando tudo que nele existe, sendo certo ainda que todos os outros Orixás estão assentados em seu campo, o Espaço Infinito, razão pela qual os estudiosos afirmam, que em que pese não haja hierarquia entre os Orixás, Oxalá é o mais velho e por isso que muitos o tem como o principal Orixá, sem falar ainda que todos os outros estão assentados em seu Espaço Infinito.
Todavia, antes de direcionar o Espaço Infinito a Oxalá, Olorum criou o Vazio Absoluto e o consagrou a Exu, responsável por este estado da criação e é por este motivo que muitos estudiosos afirmam que Exu é o filho primogênito de Olorum.
Tal afirmação se dá, vez que para existir o Espaço Infinito, primeiro tem que haver o Vazio Absoluto, pois o Espaço está dentro do Vazio. Como Exu é o guardião do vazio, este também é vazio. Em seu estado natural, Exu não tem sentimento e até é Taciturno (que fala pouco, calado, silencioso, triste, sombrio) e sua função, justamente em virtude de ser vazio, é esvaziar os seres desequilibrados para que possam voltar a evoluir.
Com isso em mente, podemos afirmar que Exu não é um ser mal como muitos acreditam ser, ele na verdade é um cumpridor da Lei, regendo o vazio absoluto e cumprindo os desígnios de Olorum. 
Uma vez não tendo sentimentos, sendo vazio, podemos dizer que Exu é neutro, nem bom, nem ruim, apenas cumpri o que for determinado.
E é ai que está toda a diferença do que muitos afirmam.
Pensemos... Em nossas vidas já ouvimos falar de espíritos trevosos, malignos, obsessores, sofredores, entre outros (negativos), e também ouvimos falar de Exu.
Se existem todos eles e também Exu, é porque um não é o outro. Com isso em mente, podemos dizer que os primeiros são problemáticos em virtude de seus desequilíbrios no caminhar da vida, enquanto Exu é vazio por natureza.
Como Exu é cumpridor, vazio por natureza, portanto, neutro e Olorum o designou para ser o Guardião do vazio absoluto, não é certo afirmar que ele é mal e que não pertence a Lei. Certo?
Acredito que sim, pois ele faz parte da evolução dos seres encarnados e dos seres desencarnados, pois atua esvaziando os desequilíbrios desses, em seu campo de atuação.
Infelizmente, o mal, são os seres humanos que muitas vezes pedem e querem o mal para o seu próximo, ou pensam apenas em si e usam de conhecimentos para tanto.
Lembram que os Exus são vazios, sem sentimentos, cumpridores e neutros. Ora, sendo eles assim, o que lhes for pedido eles cumprirão independente de qualquer coisa, pois deverão ser pagos para tanto (oferendas). Uma vez pagos, quem cai na malha fina da Lei é justamente quem pediu e se desequilibrou.  A Lei fazendo o seu papel.
Por estes motivos não podemos dizer que Exu é o ser ruim, pois ele não diferencia o bem e o mal, apenas cumpri o que foi determinado. Se quem pediu está certo, Exu fará seu trabalho e ponto. Se quem pediu está errado, Exu também fará seu trabalho, pois foi pago para tanto, mas a Lei atuará em face daquele que pediu e no momento oportuno fará justiça e o Sr. Exu nada poderá fazer, pois é a Lei que estará atuando.
Está é a força de Exu, que trabalhará no baixo astral, cumprindo com o que for determinado. Sei que vários questionamentos existirão, entretanto, várias respostas, como melhores esclarecimentos, serão dados em cursos, mas aqui cabe apenas aguçar a curiosidade. Vejam ainda que Exu também tem seu equilíbrio e nele está a Pomba-Gira, que cuida dos desejos, mas há também Exu-Mirim que cuida das intenções. Tudo será melhor esclarecido em cursos.
Ah, não podemos esquecer que primeiro oferendamos Exu para depois começarmos nossos trabalhos, como também firmamos ele no lado de fora do templo. Exu trabalha com o membro fálico (representação do membro viril masculino) nas mãos. Por que de tudo isso?
Reflitam...

 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Deus e o Diabo


DEUS E O DIABO

Me foi perguntado por um irmão, que ainda procura seu ponto de equilíbrio religioso, se na Umbanda se acredita existir o “Diabo, ou se há algum Orixá relacionada a ele” Após conversar um pouco com ele e outros irmãos presentes, pensei que seria interessante escrever sobre o assunto, já que isso deve ser dúvida de muitos.

Começo perguntando se os irmãos acreditam que existe alguma força que se compare a força divina de nosso Pai Maior “Deus/Olorum”?

Na minha visão acredito que não, pois, se assim pensássemos estaríamos colocando em pé de igualdade nosso divino criador com as forças negativas, sendo possível, portanto, uma luta inimaginável pelo poder.

Como já explicamos em nossos cursos, Olorum é o Deus supremo que tudo criou, não existindo força semelhante. O que existem são Leis imutáveis criadas por ele, onde o que fazemos em nossa caminhada evolutiva vai sendo anotado no livro da vida e essas atitudes vão sendo cobradas ou abençoadas de acordo com nossos atos.

Lembremos das palavras do Sr. Exu Caveira proferida a nós nos seguintes termos “A morte é uma consequência da vida, mas seus atos é o que vai dizer a sua consequência e o seu fim”.

Vejam que são nossas atitudes que vão dizer as consequências de nossa passagem para o plano espiritual e vão determinar também nosso fim, ou seja, para onde iremos e como iremos.

Assim, se existem Leis imutáveis criadas por Olorum, ser supremo, e são nossas atitudes que definirão nosso fim, não podemos acreditar em força igual ao de Olorum, pois colocamos em xeque sua superioridade.

Contudo, existem sim forças negativas fortíssimas, já que em virtude das dificuldades de nossa caminhada evolutiva, muitos irmãos, encarnados ou não, acabam se negativando de tal forma, que seu pensamento tem um único proposito “prejudicar o seu semelhante”.

É certo que em nossa caminhada evolutiva aprendemos muito sobre diversas coisas e em todos os campos que a vida nos proporciona, inclusive sobre as virtudes divinas (Fé, Amor, Conhecimento, Equilíbrio, Ordem, Evolução e Geração), não sendo diferente com relação a forças maléficas, tanto que existe, e isso não é novidade para ninguém, pessoas que praticam magia negra. Assim, muitas vezes o aprendizado ao invés de ser positivo, segue para o lado negativo e o Ser começa a desenvolver pensamentos ruins e com isso vai densificando sua matéria, mente e espirito, caindo para campos extremamente negativos.

Tudo o que aprendemos levamos conosco em toda nossa vida encarnada e desencarnada e isso não é diferente com os espíritos negativos, que ao desencarnarem ficam vagando, já que não atingiram um grau evolucional que lhes permitam seguir por campos melhores, onde aprenderão os verdadeiros desígnios de Olorum, e muitas vezes nem mesmo querem ir para esses campos e, em razão do seu estado de espirito e merecimento, vagam por campos extremamente negativos por estarem densos.

Como ficam vagando nesses campos, acabam encontrando outros com os mesmos pensamentos e começam a se unir para praticar o mau, onde um ajuda o outro a fazer o mau para aqueles que eles entendem ou acreditam que devem receber o mau, em virtude de seu pensamento desvirtuado, criando com isso, uma legião voltada para prejudicar aqueles que estão procurando apreender os desígnios de Olorum e que muitas vezes conscientes, não sabem o porquê as coisas acontecem.

Fazendo um paralelo com o plano material, temos invariavelmente as quadrilhas de ladrões, que nada mais são do que pessoas com pensamentos negativos que se unem para praticar o mau contra pessoas inocentes. Não tem o mesmo poder das autoridades legitimamente constituídas, mais que procuram usar todo o conhecimento adquirido em prol de levarem vantagem e fazer o mau ao próximo.

Assim, todo o conhecimento adquirido é utilizado para fazer o mau e um acaba ensinando o outro o que aprendeu em sua caminhada e com isso vão crescendo em força, já que não respeitam as Leis impostas e agem sem qualquer pudor no intuito de conseguirem o que querem.  É claro que continuarão sofrendo as punições da Lei, mas, como o seu mental está completamente negativado, não se importam em continuar sofrendo, só querem que o outro sofra também.

Vejam que muitas vezes agimos de forma que normalmente não agiríamos e que muitas vezes falamos de forma impensada no claro intuito de apenas magoar o outro, quando não queríamos magoar ninguém, apenas queríamos colocar os nossos pensamentos e sentimentos de forma simples. Quando isso acontece, muitas vezes estamos sob influência desses irmãos.

Contudo, não podemos ter isso como desculpa, muito menos esquecer que mesmo sob a influência deles, temos nossa parcela de culpa e podemos e devemos combate-los, não dando entrada para pensamentos que não são nossos. Mas isso existe.

Nasce da conduta desses irmãos negativos a missão dos Umbandistas, que é mostrar a esses espíritos que suas atitudes só estão lhes prejudicando e nada de bom lhes traz, já que as entidades de luz irão nos proteger, trabalhando dia e noite para isso, dentro do que determina a Lei e dentro de nosso merecimento.

Porque dentro do que determina a Lei e de nosso merecimento? Porque muitas vezes, mesmo negativos, esses espíritos podem estar amparados pela Lei em virtude de nossas condutas (carmas, dividas passadas ou presentes e etc.) - mas isso fica para outro artigo, mais que serve agora apenas para sabermos que isso existe e pra pensarmos. Aqui vamos nos concentrar apenas em demonstrar que não existe igualdade de forças entre nosso divino criador e os irmãos negativos.

Esses irmãos negativos, após adquirirem força, começam a explorar o mental de irmãos sensíveis a esses pensamentos, para praticarem o mau, nascendo disso a sensação de que o Diabo existe e que também tem muita força.

Na verdade, essa nomenclatura foi dada apenas para justificar as atitudes desses irmãos caídos e dar um contraponto de equilíbrio as coisas santas. Contudo, não há ponto de equilíbrio com a força de Olorum e sim, com nossas atitudes, já que muitas vezes as lutas espirituais são situações mal resolvidas entre indivíduos que se perpetuam no tempo até serem desfeitas ou sanadas.

Várias religiões usam essa nomenclatura para ocultar a existência de espíritos e justificar sua doutrina, errando, ao nosso ver, de forma gritante ao comparar o Diabo (espíritos negativos) com Deus, nosso pai maior, Olorum.

Notem que a existência desses espíritos negativos respeita a Lei imutável criada por Olorum, já que nos foi dado o Livre Arbitro e em razão dele temos que passar por várias situações para aprendermos de forma plena as virtudes de Olorum, seja no campo positivo ou negativo, seja encarnado ou desencarnado, o certo é que aprendemos sempre, basta querer.

Ora, se o Ser é a semelhança de Deus e todos são seus filhos, não se pode desistir deles, apenas porque estão caídos. E é por isso que eles existem e na Umbanda se tenta mostrar a eles o caminho da Luz e da Evolução.

Na Umbanda não se nega a existência de espíritos caídos, negativos, trevosos, sofredores, etc, cada qual dentro da sua negatividade, existência, conhecimento e essência, apenas não se admite a existência de um Diabo em pé de igualdade com Deus, já que isso não existe, apenas é utilizado por outras religiões no intuito de não admitir a existência de um plano espiritual habitado, mas, todos, mesmo que de forma obliqua, deixam nas entrelinhas a existência deles quando dizem sobre a existência de Santos, Anjos, Deuses, Buda, Maomé, Diabo, Lúcifer, espíritos caídos, monstros, entre outros, sempre querendo esconder o que não conhecem e não entendem.

Portanto, de forma veemente, não há igualdade de poder entre Deus e o Diabo, se é que existe esse ser único.

Pensemos, reflitamos...

Que Olorum abençoe a todos.